Perfil pessoal, objetivos de vida e valores pessoais são determinantes na escolha do seu melhor caminho profissional.
Nos últimos anos o empreendedorismo foi romantizado e hoje achamos que ter a própria empresa significa trabalhar três horas por dia, de pijama, ganhar muito dinheiro e bombar na internet.
A realidade está longe desta descrição e envolve muita disciplina, controles bem estabelecidos, gestão financeira afiada, um plano de negócios muito bem azeitado e coragem.
Parece bobagem mas a coragem é um fator tão determinante para o sucesso de um pequeno negócio quanto a quantidade de dinheiro disponível para investir.
Quem nunca trabalhou fora talvez não compare a falsa estabilidade do emprego corporativo/ CLT com a oscilação e as inseguranças financeiras do próprio negócio. Essa é boa parte da minha fatia de mercado: mulheres que querem produzir depois de uma vida se dedicando à marido e filhos, como forma de obter independência financeira e realização pessoal, então os motivadores são um pouco diferentes e a coragem já está presente no processo de decisão.
Para mulheres que foram obrigadas a empreender após a perda de seus empregos na pandemia, deparar-se com a realidade da vida autônoma pode ser ainda pior. Benefícios como plano de saúde, vale alimentação e FGTS são importantes, e abrir mão deste pacote em prol da liberdade de trabalhar com aquilo que se deseja pode ser assustador, esteja você fazendo essa transição de modelo de trabalho por vontade própria ou por necessidade.
O momento de vida também faz toda a diferença: é claro que é muito mais fácil você começar a trabalhar num projeto próprio com filhos maiores do que com bebês ou crianças muito pequenas. O tempo da vida precisa ser considerado e, se não há uma necessidade financeira premente, não vejo por que atropelar as coisas. Um negócio novo exige tanto quanto um bebê – talvez até mais no comecinho, então para que se sobrecarregar sem necessidade, não é mesmo?
Por fim, entender que aquilo que damos à empresa é aquilo que ela nos dará de volta, em termos de tempo e resultado, é fundamental. Quem pode se dar ao luxo de trabalhar apenas por amor, sem necessidades financeiras, talvez consiga e até permaneça trabalhando três horas por dia, de pijama.
Mas se você quer viver do seu trabalho, se desenvolver pessoal e profissionalmente, é bom encarar o empreendedorismo com a mesma seriedade e disciplina que encararia um chefe exigente e difícil de agradar numa empresa qualquer.